domingo, 18 de abril de 2010

CRÔNICA: ETERNAMENTE PAGU -O FILME


Há quem desdém do filme brasileiro, falando que é fraco, resumido, libertino, contestável de algum modo, não é verdade? Mas assistindo a este filme raro, brasileiro, com dificuldades em sua tecnologia, digo que fiquei entre admirada e comovida, com o trabalho dos atores brasileiros, o roteiro, a direção e principalmente com a história. E como poetisa que sou, viajei a cada cena de encantos mil, fora a força da poetisa Pagu, em seus romances, sua sede de liberdade, sua luta pelo trabalho e reconhecimento do povo brasileiro, afinal, foi por muito tempo na sua época, uma militante do antigo comunismo nesse país.

Com razão a minha dica para que os leitores tentem ver ou mesmo rever essa história, fica na poetisa que foi Pagu, na sua influência sobre o nosso país, a sua importância deixada entre os seus admiradores, seus seguidores e é óbvio pela a personalidade que tinha em todos os aspectos.

Esta mulher revolucionou os costumes, lançando além de seu tempo, modas. Entre elas, o uso da calça comprida para as mulheres, caso que chocava a sociedade da época entre as décadas de vinte e trinta, em São Paulo, onde viveu boa parte de sua vida. Vou escrever pouco sobre esta vibrante poetisa de olhos profundos, pele clara, cabelos castanhos, ótima poetisa. Deixo a curiosidade, o gosto pela pesquisa, a vontade de conhecer os seus poemas e suas poesias.

Teve relacionamentos com vários homens influentes, entre eles, o poeta Oswald de Andrade, onde encontravam-se clandestinamente, já que o mesmo era casado com a pintora Tarsila do Amaral. Mesmo assim, Pagu, chamada carinhosamente de "a mascote", amava e era muito amiga desta artista. Depois, que Pagu, teve o seu primeiro filho de Oswald de Andrade, a sua vida, sofreu uma reviravolta, pois filiada ao partido comunista brasileiro, foi bastante perseguida, presa várias vezes, extraditada para outro país, a França.

Na França, conheceu a amiga Elze, que muito lhe deu apoio em toda a sua estadia por lá. Relacionou-se com um ator francês, o Jean, mas um romance passageiro, já que o seu coração estava ligado a tudo o que se passava no Brasil. Tinha saudades da família, do filho, de Oswald. De volta ao Brasil, sentiu uma grande mudança em relação a recepção do poeta, que frio, sem o mesmo amor, acabara se relacionando com outra mulher, a Bárbara. Assim, separam-se e Pagu, vai morar com a irmã e o filho em São Paulo, num simples quarto de pensão. Nessa época, conhece um redator de um jornal, onde a emprega e por fim, ambos se apaixonam.

A vida de Pagu por muito tempo foi de sofrimento, lágrimas, perseguições e outra vez presa, deixa-se levar pelo uso excessivo do cigarro. Mas sempre escrevendo belos poemas e poesias, tinha o isolamento como companhia. Com o tempo pago na prisão por uma condenação de presa política, é liberada, indo morar definitivamente com Geraldo, que tinha por ela um amor verdadeiro e apaixonado.

Mas um certo dia, Pagu descobre que está com os pulmões comprometidos, torna-se depressiva, não aceita a doença e dispara um tiro em seu próprio corpo. Assim, deixo em resumo esta linda história, que inacabada, vocês tiveram a visão desses fatos de uma poetisa tão instigante, a Pagu - Patrícia Galvão. Aqui, trechos de um pequeno poema, o qual foi mentalizado por ela, na sua volta para o Brasil:

"Estandarte que a luz e o som encerra
E promessa divina de esperança...
Oh! Pátria amada idolatrada,
Há quanto tempo..."



ROTEIRO DO FILME: Chamada de "a musa do surrealismo",Patrícia Galvão, Pagu, mascate dos intelectuais paulistas, na década de vinte e trinta, escandalizou a burguesia da época com sua maneira de ser e de pensar absolutamente anticonvencionais. Destacam-se no filme seu engajamento político, a amizade com a pintora Tarsila do Amaral, e o seu grande romance com o escritor, Oswald de Andrade. Excelente cenografia da época e inesquecível interpretação de Carla Camurati, no papel título de Pagu. Primeiro longa metragem dirigido por Norma Bengell, uma das maiores musas do cinema nacioanal.
E ainda, Antônio Fagundes (Oswald de Andrade),Esther Góis(Tarsila do Amaral) e Otávio Augusto(Geraldo).

-Angel-

3 comentários:

  1. Bela crônica.. Repleta de talento.. Me convenceu a ver este filme! Bjs!

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  2. Que bom que gostou não é mesmo??Assista sim, será uma ótima pedida para o feriado do dia 21/04. Obg...Bjusss

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  3. Amiga Angel, você sabia que PAGU sofreu muita influência de ANAIS-ANAIS, no início do século passado em Paris? E foi com ela que comparei aquele seu poema. Abraços Mario Lucio.

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Bjos...