quarta-feira, 24 de março de 2010

CONTO: AS ESMERALDAS ERAM VERMELHAS


Um grande amor, não se divide, é químico, atraído, complexo, se correspondido se completam. Já ouvimos falar por aí, um amor quando é grande, bem vivido na sua intensidade, não se esquece. Já outros dizem:" Um amor só é esquecido com outro maior!"; " A fila anda"...
Assim as histórias têm tantos começos, meios, fins, desvios, desencontros, encontros,reencontros. São nessas vírgulas que uma boa história de amor deve ter a essência de que um coração sente, palpita, explode, não se oculta. Deve se observar bem quem está próximo, rondando, observando que ele, o amor, pode acontecer a qualquer momento da vida!E numa linda tarde de verão, aquela moça, alva, de traços delicados, olhos verdes, como duas esmeraldas a saltar de olhos expressivos, conheceu Rafael. Ele, alto, de corpo forte, simpático, sorridente, atencioso com os clientes, com o cargo de gerente, realmente tinha que ser, estava vendendo o perfil do banco em que trabalhava.
Foram olhares trocados, de relances contínuos e descontínuos. Mas logo, logo, bateu algo inexplicável, vontade de conhecer, de pegar na mão, de estarem mais e mais próximos. Ela observou uma aliança, fina, discreta na mão direita de Rafael. Ficou com ar meio desolado, quis sair dali, de frente daquele homem, perfumado, agradável, amável, mas continuou a conversa sobre empréstimos, tipo CDC.
Rafael, gostou de Cíntia também, viu que não havia nenhuma aliança em sua mão e na entrevista do cadastro, descobriu que ela era solteira. E conversa vai, conversa vem, trocaram os números dos celulares; quem sabia para um encontro?
Alguns meses passaram, Cíntia e Rafael, tornaram-se amantes. Sim, amantes! Devido ao noivado de Rafael, Cíntia procurava-o na maior discrição. Porém, ambos cometeram uma grave e perigosa atitude, não usavam preservativos. E num desses encontros, Cíntia, nervosa, revelou para o Rafael que havia engravidado. A relação dos dois ficou bastante tumultuada. Brigas, acusações, medos, inseguranças, ciúmes, encontros, desencontros, vexames, retiradas bruscas de lugares em que iam juntos e finalmente, resolveram romper.
Num entardecer bonito, de nuvens avermelhadas, final de expediente bancário e do comércio, agitação das ruas, o que é comum nas grandes metrópolis, se ouviu um estampido de bala, correria, tumulto, gritos, empurra, empurra, medo de balas perdidas, gente se jogando no chão. De repente, uma poça de sangue na porta de uma banco. E se interrogavam: -Foi um assalto? Foi um assalto? Mas perplexos, viram um homem, aparentemente alto, nem gordo, nem magro, com uma discreta aliança do lado
esquerdo da mão, sangrando. O povo gritava: -Chamem uma ambulância! Uma ambulância!
Ao lado do corpo agonizante, ajoelhada, tremula, uma moça pálida, de feições delicadas, grávida(nos seus últimos meses), chorava, gritava, se desesperava, passava o sangue do amado no rosto, chamava-o. Tarde demais, Rafael, já estava morto! E alguém aproximou-se para ampará-la e perguntou: -Você o conhecia?
Ela aos prantos respondeu sussurrando:
-Mataram o meu amor, o meu verdadeiro amor!
Cíntia, uma linda jovem, alva, grávida, de olhos de esmeraldas, banhada de sangue, exibia entre esta cena da horror, uma aliança, fina, discreta, em sua mão esquerda.

-Clécia-

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