terça-feira, 13 de abril de 2010
CRÔNICA: LADRÕES DE GRAVATA
Estava num desses eventos promovidos entre a escola em que trabalho e a Ativa, instituição de ótimo conceito da prefeitura de minha cidade, que pela passagem de seu aniversário de 21 anos de existência, fez a honra de comemorar junto aos alunos, professores, equipe técnica e direção, um projeto bem interessante. Que tem como objetivo, o trabalho de "não violência escolar", da troca de armas de brinquedos, por material reciclável; onde os alunos e alunas, participam de oficinas no sentido de confeccionar objetos para uma futura exposição, com esses materiais.
O evento era para o lançamento da ideia para toda a comunidade escolar, havendo a presença de algumas autoridades da minha cidade, entre eles, a presidente da Ativa, o assessor do Secretário de Educação, devido a não possibilidade de sua presença naquele momento, e outros representantes da Ativa. A nossa prefeita não estava presente, por causa do seu aniversário ser neste dia.
Depois que acabou o lançamento do projeto na escola e de maneira oficial, todos começavam a se retirar. E eu como sou um pouco ousada, digamos de passagem, tentei me aproximar do assessor do prefeito, o sr. Lúcio Brandão, que naquele momento aguardava o veículo oficial para transportá-lo, possivelmente até a sua residência.Fiquei até um pouco tímida em me apresentar como professora da escola e poetisa da cidade, um tanto desconhecida, e sei que sim. E me lembro da frase que ouvimos da boca popular: "Em cada esquina, há um poeta"...
Pois bem, me aproximei, ofereci o meu livro de poesias e poemas: Flor de Cactus- 2ª edição, para o mesmo apreciar, ler e levar ao conhecimento do Secretário de Educação. Ele, de imediato, muito simpático, se dispôs a adquiri-lo. Conversamos um pouco e pelo pouco tempo que o conheci, tive maior orgulho de sua atenção e de seu interesse. Falei da dificuldade de vender o livro, da pouca divulgação que foi o seu lançamento, do trabalho e do retorno que está sendo para o tanto que gastei para a publicação. Ele, sorriu e lembrou de um poeta, assim como eu para vender o livro.
A história que ele me contou se passou no sertão de Pernambuco, em Gravatá, onde o poeta morava. Ele tinha publicado o seu livro com todo o esforço e dificuldade com recursos próprios, mas a venda desse livro de poesias tinha sido um fracasso, sendo estocado num dos quartos de sua residência. O título do livro era, Os Ladrões de Gravata.
Um dia esse poeta recebeu em sua casa com a mesma delicadeza o recebemos aqueles vendedores de enciclopédias. Dando a desculpa que não precisa de livros! O caso é que aquele vendedor, conversou com o poeta, que necessita alimentar a sua família, que a venda das enciclopédias era o seu maior ganha pão naquela ocasião. O poeta, já meio aborrecido com o papo do vendedor, mostrou para o mesmo, a pilha de seus livros estocados por não ter vendido quase nada. E falou:
-Está vendo porque não preciso de livros?
-Mas que coisa não é amigo?
-Então, convencido agora?
-Me perdoe a pergunta, qual o nome que se intitula o livro do senhor?
-Os Ladrões de Gravatas.
-Mas homem, poeta, amigo, posso chamá-lo assim, pois não!
-Claro amigo, o quê foi?
-Tenho uma brilhante ideia para vender todos os seus livros.
-Sim? E qual seria essa ideia?
-Deixa comigo, tenha a confiança nesse amigo e vendedor, e em Deus!
O Vendedor, dias depois, recolheu todos os livros do poeta, fez uma pequena modificação e vendeu todos a prefeitura da cidade, que temendo o conteúdo pelo qual se tratava o livro daquele poeta, comprou-os de uma só vez. E sabem qual foi a modificação? O livro recebeu apenas um simples acento na letra A, tornando-se: Os Ladrões de Gravatá.
Amigos e amigas hoje, nem sei se ganhei um amigo ilustre, o assessor de nosso Secretário de Educação, mas que valeu demais pela prosa que ele contou, que agora faço essa pequena crônica, com ar de humor. Aqui, o meu obrigada duas vezes, pela a gentileza da aquisição do meu livro e pela lembrança do amigo recentíssimo, Lúcio Brandão, ao me contar essa "história dos Ladrões de Gravatá"!
-Angel-
Obs: A foto acima, foi pesquisada na net com muito cuidado para representar por aqui esta crônica.Uma charge (Ricardo, el de Erikenea).
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